segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Índios kadiwéu - Argila


Alma indígena

Os índios Kadiwéu em suas diversas manifestações artísticas, assim como em outros aspectos de sua cultura, como religião, mito e política, foram o tema escolhido por Rodrigo Carvalho para seu trabalho de conclusão do curso de Bacharelado em Artes Plásticas do Instituto de Artes (IA) da Unesp.
Ele se debruçou sobre um mundo, hoje, de aproximadamente 600 índios, que habitam quatro aldeias no município de Porto Murtinho, a 310 km de Campo Grande, MT. Sua diferenciação plástica está nos desenhos corporais e faciais, únicos na América Pré-Colombiana.
Carvalho produziu trabalhos em cerâmica, xilogravura, desenho e pintura, sendo que, nos desenhos com carvão, pastel e nanquim, atinge seu resultado mais expressivo, caracterizado por um traço que consegue captar a força desses índios e também a sua fragilidade perante o mundo dito desenvolvido e civilizado.
As xilogravuras passam a dualidade de um povo guerreiro e orgulhoso, mas massacrado pelas lutas pela terra e pelo contato com o mundo branco. No tratamento da figura humana, há uma expressividade que concilia altivez com dor, construindo imagens que ultrapassam a temática indígena e atingem uma esfera existencial.
Rodrigo Carvalho articula, a partir de um universo plástico indígena diferenciado, a sua visão estética da tribo. As esferas míticas e as dificuldades com o trabalho e com a posse e o uso da terra surgem com expressividade, em exercícios plásticos marcados por um estilo próprio, de traços vigorosos e marcantes.

Oscar D’Ambrosio, jornalista, é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes (IA) da UNESP, campus de São Paulo e integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil